terça-feira, 12 de abril de 2011

O urso

E eu não vejo o uso, do urso para a minha mesa de comida. Meu almoço que fica frio quando tudo passa. Meu almoço que fica quente de vento e mosca. Podre. Eu como. Meu corpo fica.
E eu não vejo. USO de tudo para ficar bem, de todos os objetos comestíveis, dilacerados, injetáveis. Não vejo veia. De todos os objetos que farão de conta que desfaz. Os que fumam, os que bebem, os que emocionam, brilham, torturam... Mentem.
Não. E eu? Fico bem do mal, mal do bem, juntos. Chamo o urso para comer. Eu venho sento e como. E eu? O urso? Sou. Então desuso o jargão da pedra lascada de mil anos. Desfaço das palavras. Jogo pra fora, vômito didático. Esqueço de falar e de pensar, e de pensar falando.
A todo custo vejo o uso dos santos. Não. De tudo para ficar bem.


Pedro. H. de Araujo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

FEsta

Em uma mansão luxuosa a luz vai aos poucos dando lugar para uma escuridão densa, uniforme, etérea, quase se pode apalpar as trevas daqui. Era noite agora. No ar uma musica doce, calma, inebriante. Mantras milenares de velhos príncipes que venciam suas batalhas. Tempos heróicos. Em um canto não muito longe da área central do jardim, onde belas fontes desaguavam suas lágrimas encontrava-se a morte. Bela e jovem. Cabelos negros, olhos sedentos de fogo, pele macia. Gostava de permanecer sozinha e o motivo nunca foi desconhecido. A morte não é bem vinda.
Se embebedando do melhor vinho das 4 galáxias estava Delírio. Sua paranóia é evidente, sua boca é cheia de usura e encantos desconhecidos, sua pele não possui uma cor definida, ora de um branco límpido e ora de um cinza pastoso. Vestes mal cheirosas cabelo definhado e comprido, olhos de guerras perdidas. Ao lado da mesa central não parava de sorrir. Era o tempo que zombava de todos, cabelos grisalhos, estatura baixa, vestes clássicas. Sabia se vestir o tempo. Era atraente e como sabia contar histórias.
Perto dali, o anfitrião conversava com o sol. Era o sonho, o mais belo dos irmãos, era a fantasia de olhos opacos, era o desejo. Era alto, pelo clara, olhos que não possuem cor, cor do nada. Seus pés não possuíam forma, flutuavam. Suas roupas eram como nuvens carregadas, como tempestades.
Todos eles ali, em um dia que era ontem, ou hoje, ou nunca, ou sempre. Embriagados rapidamente de paixão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Agora.

Veja bem, o que faz agente fazer?
Me ensina? Não consigo mais. Nem de sonhar.
Veja bem. Não. Olha aqui. Para mim. Aqui.
Meio termo? Já sei quase de cor. Sim. sempre.
Eu sento acordo, deito, levanto, tomo o café.
Sol.
Sol. Sol.
Solidão.
No meio, de frente, roda.
Estava certo.
arrotado de responsabilidade, aproximando do inútil.
Acaba no nada. Só acaba quando não tem luz. Não mais.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu sento no chão. Liso, direto. Duro. É escuro aqui. Mente vagueia. A lua olha pra baixo querendo acertar pontos comigo. Ela brilha e eu choro. Acendi. Traguei. Fugi. Mente rodeia. Eu senti.
a tres



palmos.

Levantei, coçei a nuca. Apagou. Acendi novamente. Traguei e sorri mais um pouco, compulsivamente. A fumaça me desaparecia e eu desaparecia nela. Parecia nuvem de dor. Oi? Perguntei, oi, respondi, oi construído de alguem inexistente.


Pedro.Henrique.de. A

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

- O que é isso rapaz?
- É que eu não me importo mais...
- Cansou?
- Sim.
- De que?
- Resistir.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

LÊrápido

Sem visão de frente. Sem visão. Sem olhar. Sem. Olhar. Frente.
Sem querer. Querer. Sem.
Ardor de desilusão.
Vontade de não. Vontade. Sem
Amanhã, do mesmo?
Pedaço do mesmo. Amanhã.
Nada

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

MEMORIAS PÓSTUMAS


A música toca quando entro deitado, todos, todos choram agora o que antes alguns choraram. Uns amam porque é feito assim, de tempo, ternura guardada. Amores diferenciados de vida vivida.
Quanto tempo senhores do círculo ao meu redor. E rápido, não é, atropelado.
Erros e arrependimentos, caixão aberto, à vista.
Na espera de tudo passar tudo passará, cochichavam sistematicamente pela sala abafada de velas acendidas. Felicidade em alguns momentos bons. Memórias, ah memórias, todas guardadas no peito. Algumas nos melhores lugares. Outras duidas. Saudade sofrida que sinto. Vontade de poder mudar. Vontade de poder.
Caminho invisível como espírito por entre todos. Caminhos vazios. Caminhos cheios. Meu corpo lá.
Sempre lembrarei quando a estrada parou na terra seca, desértica. De quando o ar não era mais perfumado, dos detalhes perdidos. Do choro seco, da tosse seca. Das drogas pra esquecer amores. Das pílulas para dormir, do gosto ruim de bebida amarga.
Foi tanta coisa. Tantas palavras. Eco. Agora grito e não adianta. Sorrio e não adianta. Expludo e sei que é assim. Sempre foi. Diferente. Ó céus repito sempre. O que é que é? Por que não bonito é? É feio. É grama bixada. Só queria levantar e poder dizer a cada um o que é. Com dizeres que aprendi por ai.
Ensinar pra mim foi pouco não. E agora só sei o que ta aqui. Só isso. Levantem-me para cantar nos ouvidos canções velhas. Não posso levantar. Não. Levantem-me e cantem a ópera do tudo bem. Palavra de longe. Queria ouvir também que me ama, mas sei que de quem preciso não pode. É proibido, perdido.
Só letras posso deixar aqui queridos, santos amigos. Vogais e consoantes, vogais e consoantes. Aventuras foram. Quando precisei quase sempre tive. Quase pode ser uma palavra grandiosa para mim. Sei que cada um é uma bomba de sentimentos parecidos com os meus. As vezes nem tão parecidos. Tão perto queria.
Meu leito me aquece agora quando frio evem.
Só quero feliz quem sempre quis.
A música acaba.
Evitem a saída à direita, pois o elevador defeituoso está.